domingo, 27 de abril de 2014


 

VAZANTE

Sou a força estranha
de um amor calado.
O vôo sem rumo
de um olho cego.
A cuia vazia
de uma mão incerta.

Sou a voz noturna
no silêncio dos becos.
O punhal de prata
nos cortes da solidão.
O beijo mais frio
no espelho de meus lábios.

Sou o que não tem nexo
o que não faz sentido
o que não se compromete
nem se consente.

Sou o esperma que te molha
o sangue que te inunda
o orgasmo que te existe
o silêncio que nos limita.

Sou o que não é eterno
e nem ao menos é passageiro
o que não amanhece na cama
e muito menos fica na lembrança.

Sou hóspede de tuas lágrimas
onde escorre minhas certezas
e vaza meus versos vivos
que gritam minha fome de amar.

Sou o que não tem cansaço
o que não tem atalhos
o que não tem esperas
o que não se explica
nem se desconhece.




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