VAZANTE
Sou a força
estranha
de um amor calado.
O vôo sem rumo
de um olho cego.
A cuia vazia
de uma mão
incerta.
Sou a voz noturna
no silêncio dos
becos.
O punhal de prata
nos cortes da
solidão.
O beijo mais frio
no espelho de meus
lábios.
Sou o que não tem
nexo
o que não faz
sentido
o que não se
compromete
nem se consente.
Sou o esperma que
te molha
o sangue que te
inunda
o orgasmo que te
existe
o silêncio que nos
limita.
Sou o que não é
eterno
e nem ao menos é
passageiro
o que não amanhece
na cama
e muito menos fica
na lembrança.
Sou hóspede de
tuas lágrimas
onde escorre
minhas certezas
e vaza meus versos
vivos
que gritam minha
fome de amar.
Sou o que não tem
cansaço
o que não tem
atalhos
o que não tem
esperas
o que não se
explica
nem se desconhece.
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